sexta-feira, setembro 30, 2005   

 

 

[para ti que não gostas, nem sentes, a poesia] *

«incêndio

se conseguires entrar em casa e
alguém estiver em fogo na tua cama
e a sombra duma cidade surgir na cera do soalho
e do tecto cair uma chuva brilhante
contínua e miudinha - não te assustes

são os teus antepassados que por um momento
se levantaram da inércia dos séculos e vêm
visitar-te

diz-lhes que vives junto ao mar onde
zarpam navios carregados com medos
do fim do mundo - diz-lhes que se consumiu
a morada de uma vida inteira e pede-lhes
para murmurarem uma última canção para os olhos
e adormece sem lágrimas - com eles no chão.»

Al Berto, Horto de Incêndio

 

 

 

 



()




Quem nos dera bem juntos
sem grandes apartes metidos entre nós!

Alexandre O'Neill, Idem

 

quinta-feira, setembro 29, 2005   

 

 

a propósito do post abaixo, lembrei-me que o alexandre o'neill tinha feito umas 'brincadeiras' com sinais ortográficos. encontrei-as em cima da minha mesa-de-cabeceira.

~ * ~ * ~ * ~



...


Em aberto, em suspenso
fica tudo o que digo.

E também o que faço é reticente...

Alexandre O'Neill, Poesias Completas (Divertimento com Sinais Ortográficos)

 

 

 

[este post é um sinal]

 




?




de pontuação.

 

 

 

post especialmente carinhoso B)

 

«O Senhor Valéry era pequenino, mas dava muitos saltos.
Ele explicava:
Sou igual às pessoas altas só que por menos tempo.»

Gonçalo M. Tavares, "O Senhor Valéry"

 

quarta-feira, setembro 28, 2005   

 

*

 

ali em baixo, à direita, está um endereço de e-mail. raramente o vou ver. há pouco fui ver se havia algo de novo e, por entre os reports do site meter e as mil e uma maneiras de aumentar o meu pénis (que não tenho!), encontrei um e-mail simpático de alguém a quem eu leio diariamente e a quem, raramente, 'comento'. o e-mail, simples e simpático, continha duas palavras que me fizeram rasgar um sorriso: cumplicidade e doçura. e é esta cumplicidade e esta doçura que eu sinto quando o leio.
* propositadamente sem links

 

 

 

«a vida inteira numa simples janela aberta pela manhã»*

 

ao J. porque sempre soube fazer-me pensar.

:)

* Vergílio Ferreira

 

terça-feira, setembro 27, 2005   

 

 

lembra-te:


raquel costa

a água que mata a sede, também afoga.

 

 

 

 


alfredo cunha

é urgente limpar a memória. não olhar para trás.

 

segunda-feira, setembro 26, 2005   

 

 

a voz chegou como um afago já muito pelo fim do dia.
era uma voz ansiosa, apressada. tinham muitas coisas para dizer. não disseram nada, dizendo tudo.
a voz chegou pela noite como um gesto terno. era assim uma presença serena, moldada pela distância que a vida havia ditado. a voz tinha qualquer coisa de mar, não sei se o brilho, se o sonho. e, apesar da brevidade do diálogo, a voz ficou pela noite, junto ao ouvido, a segredar outras palavras mesmo as que não foram ditas. e não disseram nada, dizendo tudo. a conversa, banal, tinha a ansiedade de quem pretende transmitir a saudade. a voz foi como música que ficou a embalar e a abrigar a chuva que caía dentro dela.
o instante ficou fixado.

 

 

 

 

caipirinha, alvarinho, champanhe e trivial?!

P: qual a moeda da tunísia?
R: erm... (hesitação)... erm... o tunning?

 

sexta-feira, setembro 23, 2005   

 

voltas ou vou ter que repensar o voto?

 

há montes de tempo que não sonho com o soares.

 

 

 

 

prado do repouso e alto dos prazeres são dois nomes fascinantes.

 

quinta-feira, setembro 22, 2005   

 

maldito outlook ou o azar dele também se chamar leandro

 

'.' é distraída. '.' manda frequentemente, por exemplo, sms's por engano para pessoas que têm o mesmo apelido. '.' faz as coisas mais disparatadas que se possam imaginar à custa da distração. ontem, '.' trocava e-mails com um amigo na tentativa de chegarem a acordo para a ementa do jantar de sábado. '.' trocou vários e-mails fazendo sempre replay ao e-mail que chegava do amigo. ontem, '.' foi ao outlook abriu uma nova mensagem, digitou o primeiro nome do amigo, carregou no enter e fez-lhe a pergunta: 'gostas de arroz de marisco?'. '.' carregou no send e só depois se apercebeu que a mensagem não tinha seguido para o amigo mas sim para outra pessoa qualquer com quem ela só tem relação profissional. '.' perguntou ao presidente de uma empresa de construção portuguesa se ele gosta de arroz de marisco. assim, sem se fazer anunciar antes.

 

quarta-feira, setembro 21, 2005   

 

e de repente...

 



acordei e os meus braços já não cabiam nos teus.

 

 

 

momento vitor espadinha

 



:)

 

terça-feira, setembro 20, 2005   

 

 


raquel costa

«durante a noite
a casa geme agita-se aquece e arrefece
no interior frio do olho da tua sombra sentada
na cadeira aparentemente vazia

esperas acordado sem sono
que a temperatura da casa funda
com a temperatura incerta do mundo
depois
escreves isto: o horror dos dias
secou contra os dentes - e rouco
dobrado para dentro do teu próprio pensamento
ferido
atravessas as sílabas diáfanas do poema

levantas-te tarde
atordoado
para extinguires o lume ateado
junto à memória da casa - respiras fundo
para que o gelo derreta e afogue
a vulgar noite do mundo

olhas-te no espelho
atribuis-te um nome um corpo um gesto
dormes
com a árvore da saliva das ilhas - com o vento
que arrasta consigo esta chuva de fósforo e
estes presságios de tranquilos ossos.»

Al Berto, Horto de Incêndio

 

 

 

 

pouco. muito pouco. quase nada. e no entanto, quase se sufoca aqui.

 

segunda-feira, setembro 19, 2005   

 

mas...

 

enrosco-me em memórias. faltas-me ainda.

 

 

 

e se...?

 

what if there was no light?
nothing wrong, nothing right.
what if there was no time?
and no reason or rhyme.

what if you should decide
that you don't want me there by your side.
that you don't want me there in your life.

what if I got it wrong, and no poem or song
could put right what I got wrong
or make you feel I belong

and what if you should decide
that you don't want me there by your side
that you don't want me there in your life.

oooh, let's try
let's take a breath jump over the side
oooh, let's try
how can you know it if you don't even try
oooh, let's try

every step that you take
could be your biggest mistake
it could bend or it could break
but that's the risk that you take

what if you should decide
that you don't want me there in your life.
that you don't want me there by your side.

oooh, let's try
let's take a breath jump over the side
oooh, let's try
how can you know it when you don't even try
Oooh, let's try

ohhhhh

oooh, let's try
let's take a breath jump over the side
oOooh, let's try
you know that darkness always turns into light
oooh, let's try


Coldplay

--------::--------::---------::---------

vai tudo correr bem. sei-o.

 

sexta-feira, setembro 16, 2005   

 

16/09/1991

 

era uma consulta de rotina como tantas outras que tinha feito mas algo no olhar dele a fez pensar doutra forma. analisava cuidadosamente os exames que ela lhe tinha trazido. e olhava-a. inclinou-se para trás no velho cadeirão de madeira e disse-lhe que precisavam falar. perguntou-lhe se queria chamar alguém. ela respondeu-lhe que não. foi então que ele lhe disse que os exames não estavam tão bem como era suposto estarem. foi então que ele lhe disse que talvez tivessem que repetir outras análises para cruzarem resultados mas, que o mais provável, era o confirmar daquilo que lhe diria a seguir. e foi. ela tinha 22 anos, muitos sonhos e uma 'coisa' que a corroía por dentro. primeiro foi a revolta, depois a resignação. fechou-se demasiado em si. defendeu-se.
tem hoje 36 anos, uma 'coisa' que a corrói e ainda vive com medo de não ter tempo para esperar o amanhã.

 

quinta-feira, setembro 15, 2005   

 

 

«(...) Quando vai acabar o nosso amor?
Vai acabar quando não estivermos à espera que acabe, sem mesmo se fazer notar. Só depois, mais tarde, quando se tenta recordar e se começa a perguntar: como foi que aconteceu? e não se consegue voltar lá, só entao se sabe que acabou o nosso amor. Vai acabar sem que saibamos. Só depois, quando já irreparável, é que ficamos a saber que há muito tempo, demasiado tempo, acabou o tempo do nosso amor, uma coisa passada. (...)

Não vale a pena pensares nisso. Nem no fim nem no princípio. Não vale a pena sequer pensar no princípio nem no fim. Não existem sequer. O amor não tem tempo, vive sem nós. Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. Mas o amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar.

(...)

E para que serve o amor, diz-me ja.
Serve para perder o medo.»

Pedro Paixão in muito,meu amor

 

 

 

 

dói-me quando não falas, quando não dizes nada, quando me afastas a ternura, quando transformas as viagens projectadas em longínquos desejos.
tinham um percurso de palmeiras quando não iam rente às casas do rio. abrigavam-se nos umbrais, encostavam-se nos paredões e assistiam à passagem das águas.
um dia o rio encheu. as ruas foram súbitos canais onde pescadores tristes recolhiam as pérolas dos seus pertences que o rio inundara.
estreitaram-se muito nos braços um do outro. ela chamava-lhe nomes ternos. ele beijava-lhe os olhos e o cabelo. ficavam depois em silêncio.
as águas voltaram ao leito inicial. limparam-se as ruas das marés, embebedaram-se os marinheiros para festejar o regresso. e eles ficaram pelas margens, a riscar corações no musgo das paredes, a morderem-se nos lábios.
ela dizia-lhe: tenho para te oferecer uma ribeira, uma cidade à chuva, a vontade de chorar que nunca tive na infância mas que agora sinto. tenho para te dar as minhas mãos e os meus dedos. tenho para te dar a persistência dos meus ainda poucos anos.

 

quarta-feira, setembro 14, 2005   

 

 


formariz, paredes de coura (agosto 2005)

«dá-me esse pequeno anjo,
fica-me bem às costas. »

valter hugo mãe

 

 

 

 

hoje, ao consultar o site meter, descobri 3 coisas interessantes:

1 - alguém das forças armadas americanas estacionadas no pacífico, visitou o meu blog;
2 - alguém do governo israelita fez o mesmo;
3 - alguém de uma empresa concorrente da minha, acabou de fazer o mesmo.

isto é interessante e assustador B)

 

 

 

hoje apetece-me tanto isto

 

Primeiro dia

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.



A Noite Passada

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti: "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abristes a janela e voaste

a noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo, dormias lá no fundo
faltou-me o pé, senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos

a noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti, disse baixinho "Olá"
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então tu olhas-te
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"

Sérgio Godinho, "Noites Passadas" (1995)

 

terça-feira, setembro 13, 2005   

 

do antagonismo

 

[afastar, esquecer, deixar livre, também é uma forma de amor]

 

 

 

a (minha) ponte

 


fotografia roubada aos camponeses


ao fim de não sei quantos anos, os andaimes começaram a ser retirados da ponte luís I. hoje, enquanto esperava na fila para a atravessar, pude sentir os raios de sol e uma vontade enorme de ficar ali.

 

segunda-feira, setembro 12, 2005   

 

 

toma-me no teu cansaço, adormece-me
contra ti e desiste
de toda a distância. entende:
em ti todos os lugares me chamam.
essa palavra trincada a meio
descaindo-te do lábio
seria uma despedida se não me fosse
muda. (...)


caramba! como eu gosto disto, Pedro

 

 

 

merdinha

 

tive uma recaída ao fim do 5º dia.

shit

 

domingo, setembro 11, 2005   

 

constatação nocturna

 

já não te aguardo,
------------ adio-me.

valte hugo mãe





já não aguardo.

 

sexta-feira, setembro 09, 2005   

 

Colecção Uma Tortura: Os Feijões vão à Cidade

 

As dificuldades em comprar bilhete foram enormes. Poder-se-à mesmo dizer que centenas deles ficaram esmagados na estação, a maioria dos quais nas escadas rolantes. É certo e sabido que as pessoas nunca respeitaram os feijões. Felizmente uma funcionária do Instituto da Preservação do Feijão foi chamada a intervir e comprou bilhetes para todos. Já convencer o revisor a aceitá-los na 1ª classe foi mais difícil. Supõe-se que morreram cerca de 30 feijões durante a viagem quando, na estação do Entroncamento, uma senhora gorda e pouco atenta se sentou no lugar 43A, que era ocupado pela família frade, vermelho e verde.


 

 

 

eu versus chocolates: resultado final após prolongamento

 

naúseas e vontade de vomitar.

 

quinta-feira, setembro 08, 2005   

 

 

«Queria dizer-te uma coisa que nunca te disse.
Mas nunca vem a propósito. Quando ficas em silêncio muito tempo apetece-me quebrá-lo e dizer-te assim sem mais. Mas então sou eu que tenho medo. De não conseguir dizer senão outra coisa, se bem que próxima, e te conduza inevitavelmente ao engano. Então digo-te uma coisa qualquer para avaliar o teu estado de espírito e chego á conclusão que ainda não é tempo. Por vezes creio que já te disse sem querer, por outras palavras. Tu ouviste ou não quiseste ouvir ou não achaste necessário prestar atenção, esforçares-te a responder. Quando for preciso vai ser tarde demais. Sim, é isso, se calhar é isso. É uma coisa para te dizer depois, quando já não estiveres aqui ao meu lado para a ouvires. Uma coisa do tipo: quando me quiseres eu já não vou estar aqui para te querer.»

«De repente o vazio. No momento preciso em que não estava à espera. O vazio. Sabes como é, claro. Quando se perde a direcção e o sentido e o tempo é uma muralha levantada à nossa frente. O tempo, por vezes, até parece que somos nós que o fazemos, que somos nós que temos que o fazer. Olha, como um tecido que agora pegou fogo.»

«Há coisas que só convém contar depois de tu morreres. E nunca mais morres. É natural. A quem as vou contar depois de tu morreres logo se verá depois de tu morreres. Primeiro tens de morrer. As coisa têm uma ordem natural de acontecer, se não estiver tudo errado o que nos ensinaram. A quem vou contar é comigo e depois, só depois, com quem as tiver sabido. Agora são segredo. Eu já estive várias vezes certa que tu ias morrer e depois não morreste nada. Pareces mais vivo que eu – estranha comparação. O que eu tenho a dizer pode esperar, se bem que se fores tu a matar-me então não, então é bem melhor que dê cabo de ti primeiro.
Mas continuo a desejar muito a tua morte pelas razões que só se tornarão óbvias depois de eu dizer o que tenho a dizer.»

«Fecho os olhos e vejo-te. Vens a mim quando te não quero. Há coisas que não se devem querer. Tu és uma delas, doce veneno. Agora já não há segredos. Corremos sem saber se vamos a tempo de saltar. Se queremos.
Nesta existência precipitada, imprevisível. De noite. Pequenos nada.»
Pedro Paixão, Nos teus braços morreríamos

 

 

 

rewind

 

juntam-se as forças:
terra ar e água soltas
no meu corpo
fica de fora o fogo insubmerso
árduo ardor de perda
e pedra.

 

quarta-feira, setembro 07, 2005   

 

sinais dos tempos

 


acabei de receber o habitual e-mail que um dos meus colegas de trabalho me envia sempre que vamos tomar café depois do almoço. hoje dizia assim: axo k j ia 1s dclts d cf, n axas?

 

 

 

os amigos

 


os meus amigos têm por hábito oferecerem-me presentes quando menos espero. o p., por exemplo, já me mandou para o trabalho uma caixa cheia de utensílios que me fez corar em frente ao segurança: uma vaca para colocar o telemovel que muge sempre que o telemovel toca; dois livros com os sugestivos títulos, 'o elogio do imbecil' e '101 maneiras de fazer um imbecil'; um aparelho para fazer batatas fritas no micro-ondas; 1 frasco de repelente para gatos.
hoje foi a vez da v. e do t. me surpreenderem:



estou toda lamB)uzada.

 

terça-feira, setembro 06, 2005   

 

álbum de famiglia

 



presentes: l., p., p., c., r., v., d., d., t.
local: praça da liberdade, porto, 2004

 

 

 

mais duas palavras para o dia de hoje

 

AGORA CHEGA!

 

 

 

palavra para o dia de hoje

 

M E R D A

 

segunda-feira, setembro 05, 2005   

 

 

«Não há maneira de desfazermos o nó que nos une as gargantas.»

Pedro Paixão, Ladrão de Fogo

 

 

 

2+2=4

 

acho que foi o miguel esteves cardoso que escreveu qualquer coisa como isto: pior que estar triste é o sentirmo-nos a entristecer.

 

sexta-feira, setembro 02, 2005   

 

cócórócócóóóó atchimmmmm

 



meu amigo: lamento mas parece-me que voltas a estar em apuros B(

 

 

 

belchior

 

belchior é um papagaio. tem quase 10 anos e era, até ontem, a companhia do meu pai. o belchior veio de cabinda ainda sem penas. era pequenino e indefeso. o belchior cresceu e, como quase todos os papagaios, tornou-se um ser falante muito engraçado: tossia exactamente como o meu pai; chamava pelo meu pai exactamente igual ao modo como a minha mãe fazia, o que originou vários episódios engraçados; mandava foder quem o chateava; e dizia sem que ninguém puxasse por ele, vivó porto.
o meu pai como medo de o magoar, nunca lhe 'cortou' as asas. ontem, como tantas outras vezes, o meu pai abriu-lhe a gaiola para que ele pudesse esticar as asas. o belchior, ingrato, esticou-as para lá do perímetro aconselhado e desapareceu por entre os pinheiros que circundam a casa.
o meu pai está triste. muito triste. e eu também estou triste. não porque gostasse do papagaio, não gostava. estou triste porque o belchior era a companhia do meu pai.

 

quinta-feira, setembro 01, 2005   

 

cutchi cutchi bilú bilú

 

para que conste: este blog já fez 1 ano e, como aconteceu ao antecedente, está em boa idade para ser assassinado.

 

 

 

 

ela não via a chuva. só ouvia. como se em todo o lado chovesse mas não nesta parte riscada da memória.
ele às vezes vem junto dela. aproxima-se dela. muito. segura-lhe o rosto entre as mãos. um afago, uma ternura. às vezes as mãos ficam molhadas. olham-se. calam-se. ambos têm grades.
a obscuridade aumenta. ele e ela distinguem-se cada vez menos na obscuridade. vultos no paredão do rio. medo. apenas o som das redes a serem lançadas à água. grades atavam-lhes o coração.
ela escrevia. pequenos textos como um retornar diurno dos percursos que fez com ele pela noite.
à noite ele ia com ela. a principio distante e silencioso mas depois, junto ao rio, ficava assim, quase feliz. abraçava-a muito. nunca disse o que sentia. nunca disse. por momentos ele tem um ar feliz. depois lembra-se de outros compromissos, de outro rosto, de outro corpo e fica assim num silêncio atormentado.
o som das redes a serem lançadas ao rio. música que sai esbatida dos bares mais próximos.
alguns dias ele apenas diz até amanhã mas olha-a como se já a tivesse perdido.

 

 

 

otoverme matinal

 

láralilálá oh yeah yeah láráli pum pum pum yeah.

 

 

pergunta-me [se te apetecer]

parece que foi ontem:

pronto, já passou:

os outros:

procura [se te apetecer, também]