a voz chegou como um afago já muito pelo fim do dia.
era uma voz ansiosa, apressada. tinham muitas coisas para dizer. não disseram nada, dizendo tudo.
a voz chegou pela noite como um gesto terno. era assim uma presença serena, moldada pela distância que a vida havia ditado. a voz tinha qualquer coisa de mar, não sei se o brilho, se o sonho. e, apesar da brevidade do diálogo, a voz ficou pela noite, junto ao ouvido, a segredar outras palavras mesmo as que não foram ditas. e não disseram nada, dizendo tudo. a conversa, banal, tinha a ansiedade de quem pretende transmitir a saudade. a voz foi como música que ficou a embalar e a abrigar a chuva que caía dentro dela.
o instante ficou fixado.

 

Enviar um comentário

 

 

pergunta-me [se te apetecer]

pronto, já passou:

os outros:

procura [se te apetecer, também]