«Queria dizer-te uma coisa que nunca te disse.
Mas nunca vem a propósito. Quando ficas em silêncio muito tempo apetece-me quebrá-lo e dizer-te assim sem mais. Mas então sou eu que tenho medo. De não conseguir dizer senão outra coisa, se bem que próxima, e te conduza inevitavelmente ao engano. Então digo-te uma coisa qualquer para avaliar o teu estado de espírito e chego á conclusão que ainda não é tempo. Por vezes creio que já te disse sem querer, por outras palavras. Tu ouviste ou não quiseste ouvir ou não achaste necessário prestar atenção, esforçares-te a responder. Quando for preciso vai ser tarde demais. Sim, é isso, se calhar é isso. É uma coisa para te dizer depois, quando já não estiveres aqui ao meu lado para a ouvires. Uma coisa do tipo: quando me quiseres eu já não vou estar aqui para te querer.»

«De repente o vazio. No momento preciso em que não estava à espera. O vazio. Sabes como é, claro. Quando se perde a direcção e o sentido e o tempo é uma muralha levantada à nossa frente. O tempo, por vezes, até parece que somos nós que o fazemos, que somos nós que temos que o fazer. Olha, como um tecido que agora pegou fogo.»

«Há coisas que só convém contar depois de tu morreres. E nunca mais morres. É natural. A quem as vou contar depois de tu morreres logo se verá depois de tu morreres. Primeiro tens de morrer. As coisa têm uma ordem natural de acontecer, se não estiver tudo errado o que nos ensinaram. A quem vou contar é comigo e depois, só depois, com quem as tiver sabido. Agora são segredo. Eu já estive várias vezes certa que tu ias morrer e depois não morreste nada. Pareces mais vivo que eu – estranha comparação. O que eu tenho a dizer pode esperar, se bem que se fores tu a matar-me então não, então é bem melhor que dê cabo de ti primeiro.
Mas continuo a desejar muito a tua morte pelas razões que só se tornarão óbvias depois de eu dizer o que tenho a dizer.»

«Fecho os olhos e vejo-te. Vens a mim quando te não quero. Há coisas que não se devem querer. Tu és uma delas, doce veneno. Agora já não há segredos. Corremos sem saber se vamos a tempo de saltar. Se queremos.
Nesta existência precipitada, imprevisível. De noite. Pequenos nada.»
Pedro Paixão, Nos teus braços morreríamos

 

ó pá, viagra, obrigadinha. nunca experimentei mas dizem que tu também és muito bom.

[credo!]

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