quarta-feira, agosto 31, 2005   

 

constatação caligráfica

 

no blog não se percebe mas a verdade é que a minha letra está pior desde que vim de férias.

 

 

 

 

post-it na porta do frigorifico

 

 

 

 

acenar com a cabeça, gesticular com as mãos. poupar a boca ao exercício das palavras desnecessárias.

 

terça-feira, agosto 30, 2005   

 

agosto

 

«Agosto dá-te a mão e conduz-te até ao mar onde o sol estende um espelho obsidiante. Mas por vezes desenha-te uma sombra, para escapares as ciladas do meio-dia. Não esperes, porém, que a inquietude se adormente ou que uma chuvade verão abrande os seus espinhos.»
João Pedro Mésseder, Espuma

 

 

 

da insónia

 




abro o meu sono para te lembrar a boca.

 

 

 

às vezes...

 

mas só mesmo às vezes, apetece-me dizer a palavra.

 

segunda-feira, agosto 29, 2005   

 

[para ti]

 

tenho para te dar os dedos com que afago o teu cabelo.

 

 

 

 

nada é indelével ou superficial.

 

sexta-feira, agosto 26, 2005   

 

da varanda do meu quarto

 




 

sexta-feira, agosto 05, 2005   

 

out.of.blog.auto.reply

 


© raquel costa

Párem as máquinas! Pára tudo que agora vou de férias!

:)

 

quinta-feira, agosto 04, 2005   

 

estado de espírito

 


© raquel costa

sim, como se o tivessem arrancado.

 

terça-feira, agosto 02, 2005   

 

 

«Abandonar a aldeia o lugar a casa o corpo
a escrita e todas as paisagens
viajar escondido no comboio-correio da noite

repisar tua sombra oblíqua naqueles areais
cercado de água morder o coral do medo
onde tua ausência se quebra... migrar
com as marés da noite para regiões onde o sonho existe
fora de ti

uma cerveja outra e outra
para que um sorriso se revele na embrieguez da despedida
abro um livro:
....Uma só coisa é necessária: a solidão, a grande solidão interior. Caminhar
em si próprio e, durante horas, não encontrar ninguém - é a isto que preciso chegar.
não consigo ler mais... fecho os olhos
a paisagem desaparece num rápido e desfocado adeus

penso voltar
e sei que mentira desperta já em mim
recosto-me profundamente no assento... desafio o son
invade-me a ânsia do eterno viajante

comboios barcos que vão para onde?
esperem por mim
eu vou»

Al Berto
de «Salsugem», 1978/83: Doze Moradas de Silêncio, 1978/79

 

segunda-feira, agosto 01, 2005   

 

...e inventaram o amor com carácter de urgência...

 

«Em todas as esquinas da cidade
Nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros.
Mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes.
Na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
No átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
Um cartaz denuncia o nosso amor.

Em letras enormes do tamanho
Do medo da solidão da angústia
Um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
Se encontraram num bar de hotel
Numa tarde de chuva
Entre zunidos de conversa
E inventaram o amor com carácter de urgência
Deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana.

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura
E souberam entender-se sem palavras inúteis.
Apenas o silêncio. A descoberta. A estranheza
de um sorriso natural e inesperado.

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna.
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
Embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo. (...)»


excerto do poema 'A Invenção do Amor', Daniel Filipe

 

 

 

[boomerang]

 

ela lança boomerangs como quem quer golpear a vida. ou o silêncio. ou ainda a solidão.

 

 

 

 



«o que mais quero de ti é muito mais difícil do que tudo que um corpo pode dar. quero que me ensines a amar...»

pedro paixão, ladrão de fogo

 

 

 

telegrama

 

STOP STOP STOP STOP

 

 

pergunta-me [se te apetecer]

parece que foi ontem:

pronto, já passou:

os outros:

procura [se te apetecer, também]