1º dia
«[...]
quando escrevo mar
o mar todo entra pela janela
onde debruço a noite do rosto tocado... me despeço»
Al Berto - O Medo
quinta-feira, junho 30, 2005 |
«[...]
quando escrevo mar
o mar todo entra pela janela
onde debruço a noite do rosto tocado... me despeço»
Al Berto - O Medo
quarta-feira, junho 29, 2005 |
a chuva e o cheiro a terra molhada. as memórias de áfrica à flor da pele. as saudades.
terça-feira, junho 28, 2005 |
segunda-feira, junho 27, 2005 |
[...]
Só te vi duas vezes e foi o bastante para agarrares o que me resta da alma e dói mais do que o prazer.
[...]
Fiquei prezo a ti pelos teus olhos doces, um pouco tristes, pelo teu sorriso do tamanho do mundo.
O melhor será não voltarmos a ver-nos. O tempo prega-nos constantes partidas e chegadas. U chegaste quando julguei que mais ninguém chegaria. Com o meu pequeno coração no centro do meu corpo líquido fui perdendo qualquer esperança. Uma a uma.
[...]
Portanto vi-te e não te vi. Entrevi-te. Quando procuro juntar as linhas do teu rosto elas apagam-se. Só te consigo rever em movimento contínuo. A levares o copo de vidro fino aos teus lábios. A rires-te de mim. O gesto seguro com que me agarraste para não tropeçar ao descer uma escada. Onde estás tu para voltar a sentir que não existimos, que somos feitos de nada e que nisso tudo vive a maravilha de estarmos aqui.
Eu estou aqui e é tudo, também mo disseste com a tua voz clara que essa não esquecerei facilmente. Sim, foi a tua voz que me agarrou por dentro. Agora tenho a certeza. Nem tenho mais certeza alguma. Tu não deixaste. Esta é suficiente. É demais até. Tu não deixaste que eu te soubesse. Entraste em mim como uma seta, rápida como o vento, quente como o fogo.»
quinta-feira, junho 23, 2005 |
the love boat soon will be making another run
the love boat promises something for everyone
set a course for adventure,
your mind on a new romance
[assobiando]
que foi? hm? na próxima semana este blog volta a ser deprimente. prometo.
santo antónio já se acabou
o s. pedro esta-se a acabar
s. joão, s. joão, s. joão
dá cá um balão para eu brincar
quarta-feira, junho 22, 2005 |
arranjar bilhetes para o próximo concerto do tony carreira no pavilhão atlântico.
o que eu gostava mesmo, mesmo, era de ter uma colcha de renda e uma bneca espanhola em cima da cama.
terça-feira, junho 21, 2005 |
de ter um daqueles cães em porcelana, aqueles que abanam a cabeça, na parte de trás do carro.
segunda-feira, junho 20, 2005 |
um pássaro, dois homens puxando redes.
até quando poderei suportar a minha própria ausência?
e a vertigem?
o mar é um jardim que me afasta, de momento, de qualquer morte. continuar ausente é com certeza a melhor maneira de estar vivo, atento aos estremecimentos do mundo.
sentado ao fundo dum espelho tomo a realidade por reflexo, escuto as estrelas, sou espectador das marés, do vento, da chuva. não tenho intenção de inventar um novo rosto para o corpo que perdi.»
Al Berto – ‘O Medo’
quarta-feira, junho 15, 2005 |
guardo um negativo de memórias
preso no meu coração.
terça-feira, junho 14, 2005 |
com barcos sangrando sobre as costas.
não voltaremos a pressentir o mar
nem sequer lembraremos o turvo sal das bocas
sobre o rosto gémeo da máscara que nos esconde
louco pássaro de cinza sulcando o ar rarefeito
e a escuma luminosa dos meteoros que cegam
os frementes alicerces da cidade insone
não nos reflectiremos mais nos gestos desgastos
nem na demência da língua donde irrompe a alba
e nómadas continuaremos para lá do sangue
flutuantes no escuro sonho
os corpos incendiados um no outro
consomem-se formando insuspeitas constelações
vagarosamente
através dos séculos regressaremos
intactos ao nada inicial.
- Al Berto, 'O Medo'
segunda-feira, junho 13, 2005 |
19/01/1923 - 13/06/2005 - Eugénio de Andrade
«No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida.»
quinta-feira, junho 09, 2005 |
quarta-feira, junho 08, 2005 |
I can see clearly now the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It's gonna be a bright, bright, bright, bright, sun shiny day
I think I can make it now the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is the rainbow I've been praying for
It's gonna be a bright, bright, bright, bright, sun shiny day
Look all around, there's nothing but blue skies
Look straight ahead, there's nothing but blue skies
I can see clearly now the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It's gonna be a bright, bright, bright, bright, sun shiny day.
Johnny Nash
Hoje está um belo dia para passear à beira mar [de mão dada] e dar pontapés às gaivotas.
B)
Hoje acordei com vontade de ser feliz
Iludo a distância
no silenciar das mãos
não vou deixar que qualquer angústia
me atinja o coração.
terça-feira, junho 07, 2005 |
segunda-feira, junho 06, 2005 |
sem apressar nenhuma palavra, desfilam as memórias na teia das horas. quero que saibas: a saudade é maior agora.
e
na fusão dos dedos fizemos o (nosso) entendimento.
:)*
O que há de mais real é esta distância inerme
que não entrega que não abandona nem consuma
e está tanto lá fora como no âmago de nós.
Não é por ela e é por ela que uma guitarra dolente chora
é por ela que às vezes se bate uma porta inteiramente opaca
e é por ela que procuramos num berço vegetal o sono inteiro do nosso peso.
O que há de mais discreto e mais anónimo é essa distância sem pontes
essa monotonia incessante que a luz não ilumina
porque está no seio da luz e não é sombra nem luz.
Não é mistério nem matéria para fábulas
e sendo irreal é a essência vazia do real
onde não se colhem mensagens nem secretos signos.
Não se ouvem nela cantos de sereia mas a sua ténue estridência
é um canto de sereia porque é um silêncio de intérmino vazio
onde já não estamos vivos nem podemos morrer .
Mas o corpo quer edificar sobre a matéria viva
e em si próprio se recolhe com uma arca do silêncio
ou para o dia estende os braços com ramos
que querem envolver o sol e reunir as cores.
E é essa construção que o poema edifica
entre duas margens dessa distância inerme
no instantâneo fulgor de uma brancura ardente.
António Ramos Rosa, «Os animais do Sol e da Sombra seguido de O Corpo Inicial»
quinta-feira, junho 02, 2005 |
escondo-me
absolvo-me
recomponho-me
questiono-me
desdobro-me em alvo e seta
decifro o destino
decifro-me
mastigo papéis com palavras
(e odeio-te)
quarta-feira, junho 01, 2005 |
em nossas mãos cravo
de espanha derramado sopro
do princípio do mundo
corpo do nosso corpo fogo
do sol descido e hasteado.
agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 junho 2007 outubro 2007 julho 2014
Powered by
Blogger
&
Blogger Templates