terça-feira, novembro 29, 2005   

 

estado de espírito

 

enleia nas unhas o triste sono das violetas
e nas haste das cassiopeias demora-te
para surpreenderes o estelar canto do rouxinol

rasga janelas no lume íntimo da lareira
pede à noite que sob as pálpebras se transforme
numa imensa borboleta em chamas

a casa onde vives alimenta-se com o sorriso
da criança que estende as mãos para ti
enquanto o turvo líquido da velhice escurece
a memória do tempo sem palavras.

al berto

 

 

 

 



fotografia: raquel costa

um dia, uma mulher olhar-te-á nos olhos, bem no fundo dos olhos, e descobrirá que já não é dona de todos os teus segredos.
irão de mão dada pelos dias porque sempre foi assim desde há muitos anos. mas a ti, já não te apetecerá falar.
irás como se tivesses que participar num torneio. um desses em que te confrontas, corpo contra corpo, contra ti próprio. mas será sempre o rio que te fascinará, o rio que te faz lembrar outro rio, outros cheiros, outros gestos e outras ternuras.
talvez apertes com mais força a mão de uma outra mulher, a que esteve sempre a teu lado pelos dias. e talvez lhe murmures palavras que nunca disseste a mais ninguém. ou talvez não. talvez risques o tronco dos choupos e atires pedras das margens contra a memória das águas.
irás pela noite e pelos dias e tudo te falará de um lugar diferente. e o riso das outras mulheres, trar-te-á a nostalgia de antigas implicâncias.
irás porque assim ficou prometido há muitos anos mas apear de tudo, ficarás mais próximo da memória do que das sombras das casa vazias. e aprenderás que os rios mudam de nome mas que que as águas são as mesmas. e o teu silêncio explicará isso. mas ninguém sabe.

 

segunda-feira, novembro 28, 2005   

 

 

é tudo.

 

sexta-feira, novembro 25, 2005   

 

 

nunca a palavra esteve tão próxima da boca e o medo como um açaime.

 

quarta-feira, novembro 23, 2005   

 

 

como quem escava
uma lápide eu
pedra contra pedra
liberto o quase esforço
de amaciar amansar
a morte

 

sexta-feira, novembro 18, 2005   

 

da tristeza

 

guardo-te na palma das mãos
enquanto aqui dentro reconstruo regressos.

 

terça-feira, novembro 15, 2005   

 

 

às vezes assusto-me quando abro o blog do pedro .

 

segunda-feira, novembro 14, 2005   

 

 

ando com pouquíssima vontade de alimentar por muito mais tempo este blog.

 

quarta-feira, novembro 09, 2005   

 

ai a minha vidinha...

 

e os fantasmas, pulhas, que saem do armário sem avisar.

 

terça-feira, novembro 08, 2005   

 

'o amor é cego'?

 

deve ser. eu, por exemplo, ignoro propositadamente, as 'migalhinhas' espalhadas pelo chão.

 

segunda-feira, novembro 07, 2005   

 

das manhãs

 



raquel costa



os dias acessos
e uma árvore morena
nascida das sementes invisíveis.


 

sexta-feira, novembro 04, 2005   

 

 



*crash*





f u c k

 

quinta-feira, novembro 03, 2005   

 

mensagem encriptada que, não dizendo nada, diz tudo

 



[*]



 

quarta-feira, novembro 02, 2005   

 

 

já não é a primeira vez que isto me acontece. começa a ser assustador vir trabalhar. esta manhã tinha em cima da secretária um caixote grande. bastou ver o remetente para o abrir a medo. de lá de dentro saíram: 1 par de chinelos patinantes; 3 sacos de pano para guardar alhos, cebolas e batatas; 1 baralho de cartas... ovais!; 1 estatueta do papa joão paulo II coberta com brilhantes cor-se-rosa!

gostava tanto de ter amigos normais B(

 

 

pergunta-me [se te apetecer]

parece que foi ontem:

pronto, já passou:

os outros:

procura [se te apetecer, também]