fotografia: raquel costa

um dia, uma mulher olhar-te-á nos olhos, bem no fundo dos olhos, e descobrirá que já não é dona de todos os teus segredos.
irão de mão dada pelos dias porque sempre foi assim desde há muitos anos. mas a ti, já não te apetecerá falar.
irás como se tivesses que participar num torneio. um desses em que te confrontas, corpo contra corpo, contra ti próprio. mas será sempre o rio que te fascinará, o rio que te faz lembrar outro rio, outros cheiros, outros gestos e outras ternuras.
talvez apertes com mais força a mão de uma outra mulher, a que esteve sempre a teu lado pelos dias. e talvez lhe murmures palavras que nunca disseste a mais ninguém. ou talvez não. talvez risques o tronco dos choupos e atires pedras das margens contra a memória das águas.
irás pela noite e pelos dias e tudo te falará de um lugar diferente. e o riso das outras mulheres, trar-te-á a nostalgia de antigas implicâncias.
irás porque assim ficou prometido há muitos anos mas apear de tudo, ficarás mais próximo da memória do que das sombras das casa vazias. e aprenderás que os rios mudam de nome mas que que as águas são as mesmas. e o teu silêncio explicará isso. mas ninguém sabe.

 

Enviar um comentário

 

 

pergunta-me [se te apetecer]

pronto, já passou:

os outros:

procura [se te apetecer, também]