tanta coisa dentro de nós
a banalizar as horas:
os despojos de um enigma
um aconchego inesperado
o diálogo suspenso nos gestos.
terça-feira, maio 31, 2005 |
tanta coisa dentro de nós
a banalizar as horas:
os despojos de um enigma
um aconchego inesperado
o diálogo suspenso nos gestos.
é tremendamente limpa esta sensação de encontro
na espera das mãos que se respiram.
quarta-feira, maio 25, 2005 |
terça-feira, maio 24, 2005 |
sexta-feira, maio 20, 2005 |
Procurarei as palavras no silêncio da água.
terça-feira, maio 17, 2005 |
segunda-feira, maio 16, 2005 |
para ti canto este vento secreto
pedra e nó aglomerado de
veias soterradas
desde quando
tens apodrecido na resignação bolor
ritual da naftalina
corredores e corredores
vida vegetativa e só
desde quando?
séculos de pele ardente
ligeira fresca musgo apenas
nada.
quinta-feira, maio 12, 2005 |
- tu serás sempre quem fica do lado de lá da ponte.
- que queres dizer com isso?
- e do rio.
- que queres dizer com isso?
- e haverá sempre uma cidade que nos divide.
- tens razão.
- eu sei.
quarta-feira, maio 11, 2005 |
Eugénio de Andrade
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
They call me The Wild Rose
but my name was Elisa Day
why they call me it I do not know
for my name was Elisa Day.
From the first day I saw her I knew she was the one
as she stared in my eyes and smiled
for her lips were the colour of the roses
they grew down the river, all bloody and wild.
When he knocked on my door and entered the room
my trembling subsided in his sure embrace
he would be my first man, and with a careful hand
he wiped the tears that ran down my face.
They call me The Wild Rose
but my name was Elisa Day
why they call me it I do not know
for my name was Elisa Day.
On the second day I brought her a flower
she was more beautiful than any woman I'd seen
I said, 'Do you know where the wild roses grow
so sweet and scarlet and free?'
On the second day he came with a single rose
said: 'Will you give me your loss and your sorrow?'
I nodded my head, as I lied on the bed
he said, 'If I show you the roses will you follow?'
They call me The Wild Rose
but my name was Elisa Day
why they call me it I do not know
for my name was Elisa Day.
On the third day he took me to the river
he showed me the roses and we kissed
and the last thing I heard was a muttered word
as he stood smiling above me with a rock in his fist.
On the last day I took her where the wild roses grow
and she lay on the bank, the wind light as a thief
as I kissed her goodbye, I said, 'All beauty must die'
and lent down and planted a rose between her teeth.
They call me The Wild Rose
but my name was Elisa Day
why they call me it I do not know
for my name was Elisa Day.
Fotografia de [com a devida vénia ;)] Alberto Monteiro
terça-feira, maio 10, 2005 |
segunda-feira, maio 09, 2005 |
existem fotografias que o comprovam. juro!
B)
sexta-feira, maio 06, 2005 |
há um ar a sépia,
a aveia,
e a cal.
Amo com o meu sangue.
Amo.
Amo a romã,
os moluscos
o trigo.
E amo-te
com peso de ar
e de (a)mar.
quinta-feira, maio 05, 2005 |
tenho saudades tuas, do teus 'olá, miúda' e dos teus 'ahans'.
merdinha para ti :/
que gosto:
ar
mar
amar
fuste
molete
jasmim
sépia
cal
aveia
romã
molusco
trigo
sangue
interessante.
quarta-feira, maio 04, 2005 |
Às músicas que compõem o mais recente álbum (Norte), juntaram-se outras mais antigas como «O Bairro do Amor», «Frágil» ou «Portugal, Portugal».
Com os dedos a deslizar no piano, com a guitarra ou com a banda, Jorge Palma presenteou-nos com uma lucidez e sobriedade, aliadas à irreverência que sempre o caracterizou.
No meio do concerto chamou ainda ao palco o filho, Vicente Palma, o que veio a confirmar o velho ditado que «filho de peixe, sabe nadar.».
Foi uma noite memorável com a melhor companhia que podia ter.
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia.
terça-feira, maio 03, 2005 |
segunda-feira, maio 02, 2005 |
Sobre a Minha Cidade
Vasco Graça Moura
sobre a minha cidade, falei-te ontem, mostrei-te
as esquinas do tempo, a imagem de fachadas
que ainda conheci, de outras que
eu próprio ignorava; sobre
a minha cidade e suas pedras, seus espaços
de árvores graves; e o que foi arrasado,
ou está a desfazer-se; as machas do presente, a
poluição dos homens; e o que foi
violentamente arrancado por negócios sucessivos,
erros, brutalidades: o que era e o que foi
o que é dentro de mim o seu obscuro,
imaginário ser: costumes e conflitos,
maneiras de falar, a gente
e a confusão das ruas, as casas do barredo;
sobre a minha cidade achei que tu
tiveste gratidão, a viste.
que percorreste as pontes que a minha
cidade a ti me trazem, entre
gaivotas alastrando e músicas diferentes,
e foste nascer nela.
in O Poeta e a Cidade
Antologia da Poesia Moderna sobre o Porto
Eugénio de Andrade
Sobre a minha cidade, fala-se e vê-se aqui. Magnífico blog.
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