natal
Há quem goste de rabanadas, filhós, sonhos e aletria. Eu gosto do subsídio.
terça-feira, novembro 30, 2004 |
Há quem goste de rabanadas, filhós, sonhos e aletria. Eu gosto do subsídio.
Páro.
Escuto.
Olho.
Avisto ao longe o comboio.
A p r o x i m a - s e.
Atravesso.
sexta-feira, novembro 26, 2004 |
quinta-feira, novembro 25, 2004 |
Acabei de receber os postais de natal que a empresa mandou fazer este ano. São lindos. Absurdamente lindos.
Imaginem um postal. Imaginem um estábulo no centro do postal. Imaginem que o fundo desse estábulo, tradicionalmente decorado com estrelinhas, está repleto de recortes de jornais. Imaginem agora o menino Jesus ladeado, à esquerda, pela Maria, e à direita, pelo José. Imaginem, no espaço entre a Maria e o José, e mesmo por cima do menino, as ‘gordas’ de um jornal onde se lê: ‘crédito à habitação com ligeira descida’. Conseguem imaginar? Não é lindo? Assim como quem diz ao casal: tivessem pensado numa poupança-habitação e estariam agora num T4 duplex com vista para o mar.
Mas há mais. Quem receber postais de natal da minha empresa vai ficar a saber, por exemplo que: algo se passa na KPNQwest portuguesa e que a casa-mãe está em crise; o IVA turístico poderá ser dedutível (informação interessante para os reis magos); a HP Portugal despediu 10 funcionários; os combustíveis sobem (subiram) em julho, etc., etc. Ah!, de frisar também que algo relacionado com a economia nacional está a fazer mira ao rabo da Maria.
O Natal tem a sua piada.
quarta-feira, novembro 24, 2004 |
foi como se a madrugada descrevesse a espessura do desejo. desmedidamente.
terça-feira, novembro 23, 2004 |
segunda-feira, novembro 22, 2004 |
escuta-me:
na ponta dos meus dedos
na superstição da lua
ou no esboço do riso
há sempre aquele mar que me mostraste
e que estremece em mim
como um sismo
entre os meu dedos correm
os veios de água
fogem das mãos as
linhas
a língua sorve a lama
e o limo
a seda desdobra-se
sexta-feira, novembro 19, 2004 |
'gato escondido com o rabo de fora'
miauuu B)
quinta-feira, novembro 18, 2004 |
Canso-me facilmente das coisas. E das pessoas.
Até tu me começas a cansar.
quarta-feira, novembro 17, 2004 |
Dia 27/11 às 18h30 na FNAC do Colombo.
Eu e o Paulo vamos lá estar ;)
aproximo a boca ao teu ouvido
sussurro baixinho: amo-te
_______________
não há violência maior que o teu ouvido
rente ao silêncio da noite
terça-feira, novembro 16, 2004 |
Tenho algumas mas não conto.
segunda-feira, novembro 15, 2004 |
Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões.
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
se se recorda dos movimentos migratórios
e das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
de dormir ao relento entre as tuas mãos.
- Daniel Faria
Angola - Estrada da Barra do Kwanza (1995)
domingo, novembro 14, 2004 |
Dei-te o meu corpo como quem estende
um mapa antes da viagem, para que nele
descobrisses ilhas e paraísos e aí pousasses
os dedos devagar, como fazem as aves
quando encontram o verão. Se me tivesses
tocado, ter-me-ia desmanchado nos teus braços
como uma escarpa pronta a desabar, ou
uma cidade do litoral a definhar nas ondas.
Mas, afinal, foste tu que desenhaste mapas
nas minhas mãos - tristes geografias,
labirintos de razões improváveis, tão curtas
linhas que a minha vida não teve tempo
senão para pressentir-te. Por isso, guardo
dos teus gestos apenas conjecturas, sombras,
muros e regressos - nem sequer feridas
ou ruínas. E, ainda assim, sem eu saber porquê,
as ondas ameaça, o lago dos meus olhos.
- Maria do Rosário Pedreira 'O Canto do Vento nos Ciprestes'
sexta-feira, novembro 12, 2004 |
Some people walk on water
Some people walk on broken glass
Some just walk round and round
in their dreams
Some just keep falling down.
- Laurie Anderson
Égua e água
soltas e tensas na
garganta presas
inundam a praia
de espuma e fogo
quinta-feira, novembro 11, 2004 |
Dão-se alvíssaras a quem os encontrar.
Ler-te é o melhor estimulo para antecipar o reencontro. As saudades acumulam-se em cada palavra que sorvo.
Acendo mais um cigarro enquanto (te) espero.
quarta-feira, novembro 10, 2004 |
Gosto de olhar para o céu e imaginar a tua cara nas nuvens.
-te com os meus dedos e o teu silêncio.
Tens um nokia, portanto...
B)
terça-feira, novembro 09, 2004 |
Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por isso, de deixar alguns sinais - um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser
complicadas, quando nos damos conta da
diferença entre o sonho e a realidade. Porém,
é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-me de ti, agora que
os dias correm mais depressa, e as palavras
ficam pressas numa refracção de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói.
- Nuno Júdice
A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos
A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"
- Sérgio Godinho, 'Pré-Histórias'
segunda-feira, novembro 08, 2004 |
crescem ondas nas palavras mortas. subo pelas pernas até chegar acima dos ombros. o suor denso nas virilhas. desejo atado nos murmúrios. cereja. púbis. madrugada. gargalhadas de fogo. os vidros espalhados pelo chão.
À venda a partir de 22 de Novembro! Iupi!
«As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes.(...) O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.
(...)
As palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que não se oiça outra palavra. A palavra mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavras não responde nem pergunta: amassa. A palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça.
(...)
Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão.»
- José Saramago, in Deste Mundo e do Outro
domingo, novembro 07, 2004 |
«(...)
Pressenti, porém, que não era eu quem aguardavas:
uma noite, pedi-te mais um cobertor em vez de um abraço.»
- Maria do Rosário Pedreira in A Casa e o Cheiro dos Livros
sexta-feira, novembro 05, 2004 |
é aqui, a norte, que vou estar. contigo. sempre contigo
fosse eu um pássaro
pudesse eu voar em simetria com o vento...
encosto o sorriso à tua boca
na espera das mãos que se respiram
na direcção do beijo sem palavras
boca sobre a boca
laminar
entranço veias
sufoco gestos
decifro alegorias e monólogos
no pulsar acelerado do meu corpo
Os meus braços voam para o sul
Muito lhes dói o cimo das montanhas.
- Daniel Faria
quinta-feira, novembro 04, 2004 |
juntam-se as forças
terra
ar
água
soltas no meu corpo
fica de fora o
fogo
(in)submerso
árduo
ardor
de perda
e pedra
quarta-feira, novembro 03, 2004 |
preciso ver-te
reter no teu beijo
o hálito das gaivotas
terça-feira, novembro 02, 2004 |
«I must love what I destroy and destroy the thing I love»
- Sting 'Moon Over Bourbon Street'
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