as águas do douro, nesta manhã, passam mais impetuosas.
alimentaram-se toda a noite de um vendaval que desvendou a minha angústia.
impliquei com os amigos, chorei-lhes no ombro, mas pensaram ser da chuva.
do rio que vi, de um outro ângulo, não pude partilhar o fascínio - é raro encontrar alguém disponível para o encantamento.
por isso o temporal desvendou a minha angústia e deixou-me ainda mais sozinha numa cidade de árvores e telhas partidas, muros ruídos, terras desmoronadas.
as águas do douro, se nesta manhã já acordaste, correm agora ainda mais impetuosas. transbordam a minha mágoa.
suspensos, os arcos, adornam a memória de um tempo antigo e aguardam, na sua imobilidade granítica, que lhes seja dada a oportunidade de assistirem ao ritual. (em que corpo te aninhaste quando o vento arrancava uivos nos portais, quando a chuva encharcava as ruas, quando as ondas batiam no paredão? em que corpo te aninhaste quando a noite se mostrou excessiva e se adornou de relâmpagos e desventrou troncos de árvores e subjugou os parcómetros?)
volta à margem do douro e repara no rosto do barqueiro sombrio. bem lá no fundo dos olhos há qualquer coisa que ficou de tempos imemoriais. se descobrires o quê, poderás explicar o meu desencanto. é que eu não faço mais que chegar. e os outros, nada mais fazem que partir e acenarem-me adeuses e deixarem-me em praças vazias.
é que eu não faço mais que chegar. tarde.

 

VAMOS JANTAR PÁ!!!

OU ALMOÇAR OU O CARAGO..

CARAGO NÃO CARAGO!

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