sida
aqueles que têm o nome e nos telefonam
um dia emagrecem - partem
deixam-nos abandonados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz
arquivamos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas
acendemos então uma labareda nos dedos
acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração
e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta
nem a vida nem o que dela resta nos consola
a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
o rumor do corpo a encher-se de mágoa
assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amámos e não voltaram
a telefonar
al berto, horto de incêndio
É sempre bom perder-me nas palavras deste grande escritor.
posted by rweq | 8:05 da tarde
sim... :)
posted by batata | 4:32 da tarde
Desconfio que gostes do al berto :)
posted by leandro ribeiro | 12:17 da manhã
e desconfias muito bem B)
posted by batata | 12:33 da manhã
Sempre que oiço falar na doença recordo-me desse poema.
Sei onde vais estar amanhã...
Jorge Palma @ Hard Club, certo? Mas não posso ir. Beijos!
posted by mr.vertigo | 6:27 da tarde
Um poema não é um queixume com lugares comuns à mistura. Há tempo para começar a separar o que é mauzinho do que vale a pena ler.Basta de lamúrias, mais juízo estético, será a melhor homenagem ao Al Berto.
posted by Anónimo | 11:55 da tarde
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