não voltaremos a pressentir o mar
nem sequer lembraremos o turvo sal das bocas
sobre o rosto gémeo da máscara que nos esconde
louco pássaro de cinza sulcando o ar rarefeito
e a escuma luminosa dos meteoros que cegam
os frementes alicerces da cidade insone
não nos reflectiremos mais nos gestos desgastos
nem na demência da língua donde irrompe a alba
e nómadas continuaremos para lá do sangue
flutuantes no escuro sonho
os corpos incendiados um no outro
consomem-se formando insuspeitas constelações
vagarosamente
através dos séculos regressaremos
intactos ao nada inicial.
- Al Berto, 'O Medo'
Caramba! :')*
posted by Anónimo | 3:10 da tarde
a 'culpa' é tua ;)*
posted by batata | 3:22 da tarde
Já aí 'canta' ;)*
posted by Anónimo | 1:08 da tarde
sim! e é brutal...
posted by batata | 1:18 da tarde
a fera há-de chegar com a loucura dos sentidos
e furar as maresias sulfúricas da ausência
há-de chegar
e lamber o bolor inocente da insónia
alimentando-se com ténues sombras de corpos
pressinto veleiros tristes adormecidos na mão
onde derramámos o sobressaltado esperma
a fera
há-de chegar ciciando teu nome de ouro intacto
mostrar-me-á a pelagem fulgurante da tempestade
e com sua dentição de raízes envolverá
a límpida fala em que nos refugiámos
a fera há-de chegar
e nós iremos pelo caminho de ossos iluminados
à procura do amanhecer na longínqua treva do mar
- Al Berto, 'O Medo'
Não resisti. Desculpada? :)*
posted by Anónimo | 2:35 da tarde
Claro, V., claro :)*
posted by batata | 4:57 da tarde
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