Atchim!
sexta-feira, janeiro 28, 2005 |
quinta-feira, janeiro 27, 2005 |
Curdistão
Ruanda
Sudão
Burundi
Angola
Chechénia
Iraque
...
até daqui a 60 anos
quarta-feira, janeiro 26, 2005 |
desvendar-te
esquadrinhar-te
desdobrar-te
fragmentar-te
decifrar-te
descobrindo-me
esquadrinhar-me
descobrir-me
desdobrar-me
fragmentar-me
decifrar-me
desvendando-te
passeio o hálito dos teus lábios
pela minha boca
o silêncio de todas as dores atiradas
do peito para a praia
aperto o cinto das nuvens com as mãos golpeadas
e pelos bicos do peito sai-me
o fumo azul da alma
Estás demitido, obviamente demitido
tu nunca roubaste um beijo
e fazes pouco das emoções
és o espantalho dos amantes.
Estás demitido, obviamente demitido
evitas a competência
não reconheces o mérito
és um pilar da cepa torta
E assim vamos vivendo
na província dos obséquios
cedendo e pactuando enquanto der
filósofos sem arte, afugentamos o desejo
temos preguiça de viver
Estás demitido, obviamente demitido
subornas os próprios filhos
trocaste o tempo por máquinas
tu és um pai desnaturado.
Estás demitido, obviamente demitido
arrasas a obra alheia
às vezes usas pseudónimo
tu és um crítico de merda
E assim vamos vivendo...
Estás demitido, obviamente demitido
encostas-te às convergências
nunca investiste num ideal
tu sempre foste um demitido
tu foste sempre um demitido
já nasceste demitido!
- Jorge Palma (Norte)
terça-feira, janeiro 25, 2005 |
- Pedro Paixão (muito, meu amor)
todas as metáforas dos olhos
e nas pétalas mais sós de todas as rosas
o sangue é o suporte busto que tem o vento
levo portas mágoas coisas ditas desditas
coágulos teias chuva horizontal
tumores de sementes explosões minerais
circuitos de circuitos onde
me excedo recuo recorto estradas
lugares ausências
ternura que desamarro.
segunda-feira, janeiro 24, 2005 |
Num banco de névoas calmas quero ficar enterrado
Num casebre de bambú na minha esteira deitado
A fumar um narguilé até que passe a monção
Enquanto a chuva derrama a sua triste canção
Sei que tenho de partir logo que suba a maré
Mas até ela subir volto a encher o narguilé
Meu capitão já é hora de partir e levantar ferro
Não me quero ir embora diga que foi ao meu enterro
Deixem-me ficar deitado a ouvir a chuva a cair
Que ainda estou acordado só tenho a alma a dormir
Como a folha de bambú a deslizar na corrente
Apenas presa ao mundo por um fio de água morrente
Nos arrozais morre a chuva noutra água há-de nascer
Abatam-me ao efectivo também eu me vou sem morrer
Para quê ter de partir logo que passe a monção
Se encontrei toda a fortuna no lume deste morrão
Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei
Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei
Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei
Uma pausa no caminho
Numa névoa me tornei
vemos o mesmo oceano a partir de janelas diferentes.
o mesmo mar que observamos em silêncio, inquietos.
o nosso amor desfeito por toda a parte...
sexta-feira, janeiro 21, 2005 |
Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum
- Eugénio de Andrade
Quem sabe um dia. Talvez outro dia.
quarta-feira, janeiro 19, 2005 |
as palmas das mãos levam-me
ao interior das coisas indicadas onde
sei que não sei nada.
terça-feira, janeiro 18, 2005 |
>
;)
segunda-feira, janeiro 17, 2005 |
Subo pelas pernas da luz até
chegar acima dos ombros da cidade
e grito: nunca o Porto esteve tão belo em Janeiro
sexta-feira, janeiro 14, 2005 |
Jorge Palma*
Lembro viagens vida fora
nas curvas do teu corpo
onde repouso o olhar
tantos caminhos onde me perdi
as voltas que eu já dei para me encontrar...
Como se um homem decidisse
partir à descoberta
da sua essência final
ingrata e grande, essa tarefa vã
é como demandar o santo Grall
Saboreei o que a vida me ofereceu
tudo o que sinto é só meu
eu nunca renunciei!
e vou continuar a estratégia da cigarra
cantando o inverno a chegar
Saúdo a tua companhia
com vinho envelhecido
nas profundezas do amor
não desdenhando o que usufrui
desfruto intensamente o teu sabor
Filosofias da existência
doutrinas que não servem
vivências ímpares, pessoais
arrecadei-as no meu velho baú
e sigo, respeitando os rituais
Saboreei o que a vida me ofereceu
tudo o que sinto é só meu
eu nunca renunciei!
e vou continuar a estratégia da cigarra
cantando o inverno a chegar
*'Norte'
Rio Homem - Gêres
vagarosamente seremos
como um rio com pressa
e que tudo arrasta
quinta-feira, janeiro 13, 2005 |
perto das árvores
roemos rochas
limbos
portos
rótulos
riscos
matamos o asco
na raiva acesa dos braços
quarta-feira, janeiro 12, 2005 |
>
nas noites de insectos
as minhas mãos curvam-se
sobre ti
respiro este calar de encontro
num processo de poros que
atinge o espírito
estendo o meu corpo contra o teu
no orvalho molhado a minha boca
repousa
e o som cresce no
interior dos morangos
>
*Palmeiras no Passeio Alegre*
terça-feira, janeiro 11, 2005 |
No espaço não temos horas
exactas
o acréscimo do tempo existe
sobre si próprio renovado
construimos olhos de ver
e a forma sustida grave
se assemelha à pétala da seiva
estamos onde não sabemos o sítio certo
dentro e fora de nós
incessantemente cruzados
imagem da imagem
ultrapassada.
segunda-feira, janeiro 10, 2005 |
A altura é a diferença que se move no
corte das sombras maiores
(tudo depende da luz)
sede que se tem da chuva que se toma
em paixão terra picada onde a
vida continua
inclinamo-nos para o sol
morrem cadeiras de espaldar
forradas de palavras chocalhadas
e levamos à boca a nossa própria imagem
ninguém perpetua nenhum nome
a saliva pacienta na gengiva
quando estamos perto da verdade
na acidez pura
aqui não há refúgio nenhum...
Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. Toco a alba das pálpebras que, de súbito, se abrem para mim.
Um fio de luz coalha na saliva do lábio.
Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro. Mas não há repouso nesta paixão.
O dia cresce, sem luz – e os pássaros soltam-se do pólen dos sonhos, embatem contra os nossos corpos.
Nada podemos fazer.
Um risco de passos ensanguentados alastra pelo chão da cidade. A noite cerca-nos, devora-nos. Estamos definitivamente sozinhos.
Começamos, então, a imitar a vida um do outro. E, abraçados, amamo-nos como se fosse a última vez...
O tempo esteve sempre aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho.
No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor.
Dantes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais. Odeio-te. Abro os olhos. Regresso ao meu corpo e odeio-te. E, quem sabe se no meio de tanto ódio não te perdoaria – mas ambos sabemos que o perdão não existe.
Se fugias, perseguia-te. Mas o olhar começava a cegar. Sentia-te, já não te via. E o pior é que o tacto também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele e o calor do sexo. O rosto aprendido de cor.
Oje, tudo se sobrepõe. Nomes, rostos, gestos, corpos, lugares... um montão de cinzas que me deixaste como herança.
Não devo perder tempo com o ciúme. A paixão desgastou-me. E nunca houve mais nada na minha vida – paixão ou ódio.
Só isto: se me aparecesses agora, tenho a certeza, matava-te. »
sexta-feira, janeiro 07, 2005 |
quinta-feira, janeiro 06, 2005 |
quarta-feira, janeiro 05, 2005 |
um cravo
dedilhado e metálico
como um alvo furtivo
aquilo que se perde
desmanchado na água
semicerrado rosto.
terça-feira, janeiro 04, 2005 |
Sísifo
Recomeça...
se puderes
sem angústia
e sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses.
de nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
o logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez, te reconheças...
- Miguel Torga
segunda-feira, janeiro 03, 2005 |
espelho baço forrado a solidão
dói-me o corpo à cabeceira das
rosas que murcharam
-rugas sobre rugas-
de ambos os lados da vida
examino o silêncio que cresce
pulsos entre braços
interior de mãos onde o gesto
solta o justo tempo
aqui e agora é dentro de mim a hora exacta
luz verdadeira da palavra
jamais mortalha estrangular de grito mas
fogo água pássaros completos ressuscitados em
voo directo ao futuro que trago em punhais e astros
nos pulsos de cristais abertos.
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