© Leandro Ribeiro
sábado, outubro 21, 2006 |
© Leandro Ribeiro
terça-feira, outubro 17, 2006 |
B')
escondo nos bolsos o que não quero encontrar
e, distraidamente,
cultivo vícios na solidão.
sexta-feira, outubro 13, 2006 |
Uma lâmina de ar
atravessando as portas. Um arco,
uma flecha cravada no outono. E a canção
que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
quando saio para a rua, molhado, como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
como se, de repente, não houvesse mais nada senão
a imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
que a minha boca recusa. É outono.
A pouco a pouco despem-se as palavras.
Joaquim Pessoa
acredito que exista uma razão, um objectivo.
descobrirei. um dia.
terça-feira, outubro 10, 2006 |
Missy Gaido Allen
saboreia-se.
segunda-feira, outubro 09, 2006 |
© Paulo Duarte Filipe
«anoitece devagar. anoitece sobre os ombros. anoitece onde não estou e em redor de meu corpo, anoitece por dentro dos objectos que evocam a tua presença. a penumbra invade a casa, corrói tudo o que é sólido.
dantes, a solidão vergava-me, mas com o passar dos anos povoei-a com sorrisos, corpos, pequenos gestos que aderem à memória e me dizem que existo, que continuo vivo onde pressinto o coração a arder. é o ouro que se ganha quando se aprendeu a estar sozinho, tem-se tudo e não se possui nada. o que restava da memória foi partilhado ou foi abandonado para sempre. tudo o está constantemente presente e vibra sob a luminosidade imperceptível de ser eterno na fracção de segundo.
se morresse agora não deixava nada, porque bebi toda a minha sede, esvaziei-me, devorei noites esse amargo que têm as coisas antes de nos pertencerem. teu corpo, por exemplo custou-me tanto inventar-lhe formas consistentes, um reflexo, uma sombra que se lhe adaptasse e o acompanhasse. teu corpo vive hoje dentro do espelho onde se perdeu o meu.»
al berto, excerto de 'O Medo'
terça-feira, outubro 03, 2006 |
há pouco, no meio de uma conversa imbecil, certa e determinada pessoa [:'D], disse-me que um dia gostava de partir as rótulas ao paulo coelho. vai daí, lembrei-me que ainda não tinha adicionado o duarte à minha lista de links.
Pronto, agora já cá estás, gajo.
é só fachada. o lixo continua debaixo dos tapetes.
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